"Viver o momento é espiritualidade, viver em movimento é Divindade" (B.K.S. Iyengar)

Navegante do planeta Terra, realizo que eu sou a Terra e a Terra sou eu. Bem vind@ a este divino encontro, essa é a hora! Estamos Aqui e agora, simplesmente para EVOLUIR. Aqui ao meditar, sem mover ou sair do lugar, é possível viajar por todo o universo interior. Agora ao movimentar-se, a magia do viajar por qualquer lugar para tornar-se um ser em expansão pelo universo. A vida é uma viagem, uma longa jornada ao encontro da essência, o Si Mesmo, a fim de receber o presente da Divindade em cada Ser e, consciente, ascensionar. Na doce ternura todas as portas se abrem, o AMOR é a chave mestra!

Te convido a penetrar nesta experiência do recordar e DESPERTAR. Cada mensagem é como entrar no trem da vida! Desfrute destes momentos compartilhados.

OM Tat Sat OM ... Tat Twan Asi.
Assim é! Muito simples, apenas, é Isto!

sábado, 2 de junho de 2007

Alem da alma...




“Quando nos harmonizamos com Deus, com o ser infinito,

fonte inesgotável de todo o bem,

nem a nossa mente, nem o nosso espírito se deterioram. "


Emerson


Os templos do Jainismo me deixaram sem folego, principalmente o Dilwara em Mont Abu... Conheci uns seguidores dessa vertente do Hinduismo que segue por 2 divisoes os Swesatambara e o Digambara, sao super restritos na alimentacao, alem de serem vegetarianos nao comem alho e nem cebola. Sao pacificos e serenos e evitam tudo que possa ser degradado ou em estado de putrefacao. Eh comum a nao aquisicao das geladeiras, assim a comida eh sempre fresca e feita na hora. Nada de comer algo cozinhado a mais de 3 ou 4 horas, porque ja entra em decomposicao.






Esses habitos refletem no comportamento... Nao vejo violencia, nao vejo brigas... Ha um estado pacifico e verdadeiro de respeito e aceitacao de suas proprias condicoes.






Os monges Digambara inclusive andam nus... Ja os outros mais ortodoxos andam com um lenco cobrindo a boca para evitar matar ate os insetos e andam tambem descalsos, nao andam de carro ou qualquer meio de transporte. Parece radical, mas eh muito mais profundo do que parece!



Eh tanto detalhe, tao minuciosos e repletos de tanta beleza sao esses templos! Abaixo, eh apenas um parte de um teto...



A vida que salta aos olhos, as flores que desabrocham nas esculturas, os animais circulam, tudo parece tao vivo! As divindades mostram toda a sua grandeza, beleza e riqueza nos adornos e desenhos que sao marcados nesses templos por tempos imemoriais, mais de 1000 anos...





Algumas mulheres dancam, outras tocam lindos instrumentos como flautas e tambores. Ha homens montados em cavalos. Cada qual cumprindo seu papel!



As deidades inspirando amor e devocao. Nesses templos tem 24 yogis sentado em padmasana, na posicao de meditacao demonstram a importancia da introspeccao como forma de cativar a evolucao espiritual. ASCENCAO! Com os olhos abertos para estar no mundo sem se misturar com ele, atento e presente, abrir os olhos eh estar desperto para a Realidade Ultima ou a Verdade Soberana que eh a nossa conexao com a fonte e assim podemos receber o conhecimento sobre todas as coisas e a vida se torna plena, pacifica e feliz...


Em Dilwara eram 108 yogis, um numero especial e auspicioso que representa os degraus que nos separa do estado de perceber a unidade entre a materia (terra) e o espirito (ceu). Dentro do templo o silencio confirma a importancia de "reservar um tempo para ficar só e através do estudo filosófico (autoestudo ou swadhyaya), entender melhor a nossa condição humana e a nossa natureza mais essencial como entidade espiritual, contribui e muito para fazermos bom uso da palavra, das acoes e do pensamento, pois este procedimento, nos tornará certamente mais compassivo e tolerante com o outro".


Seus corpos nus representam a nao identificacao com o corpo. E cada face dos yogis tem uma expressao diferente com a qual podemos nos identificar facilmente. Seus olhos abertos e grandes denotam clareza e atencao.






Tem que parar e olhar com atencao, deixar o que esta esculpido falar ao coracao. Fico por horas contemplando, sentindo os simbolos e as mensagens. Eh uma viagem no tempo, as esculturas nao sao estaticas, sao tridimensionais!



Eh muita beleza nessas esculturas repletas de detalhes e adornos, joias e simbolos que eh de pirar ;) e vai muito alem de mera estetica ou ostentacao... Sinto a opulencia do proprio universo e do divino que nos sustenta. Eh tudo tao passado e tao presente.


Falam de uma epoca de liberdade, uma nudez natural sem um pudor ou vergonha desnecessaria para o que eh a beleza do ser. Sinto o respeito e amor mutuo nos casais e entre todos os seres, uma harmonia com os animais e a natureza... Uma era primitiva ou uma era real?


Uma realidade inifinita nos espirais de inumeras formas, corpos sinuosos, senti meu ser sendo devorado para dentro de tudo isso, indo e voltando como na respiracao. E encantada suspirei em amor e devocao nesta surreal contemplacao!


Enormes brincos e argolas nas orelhas com lobulos alargados. Representa a sabedoria do ouvir...


Pingentes nos cordoes que circundam suas cinturas, tornozelos e por todo o corpo.


Buzios, tambores, tablas, sitaras e flautas, todos os instrumentos compondo a divina orquestra. Tocam uma musica suave que nos faz flutuar enquanto se anda pela historia cravada nas colunas, nos tetos e por todos os lados dentro e fora dos templos.


Nos seios a motra, vejo a liberdade por entre lindos adornos, tudo muito delicado e sutil. Aos pes das deidades estao servos e animais serenamente olhando para sua grandeza e felizes por lhes prestigiar.






Eh uma harmonica danca celestial esculpida nos templos falando da Era de Ouro ou Satya Yuga, a era da Verdade. Eh o paraiso! E mais ainda, esculpidos em marmore tem um valor inestimavel (de 8 a 12 milhoes), porem o que representa para a historia eh muito mais do que vale em moeda, o valor do dinheiro eh nada perto de um valor alem da alma.




Continuo viajando pelo tempo entre esses pilares de luz, posso sentir-me como um musico ou dancarina... E retorno a minha pura esencia, volto a ser anjo e com minhas longas asas, levito. Sinta leveza e livre me solto ao vento, deixando-me mais e mais ser guiada por essa magia ancestral. Me relembrando de um tempo em que so havia virtude, graca, equilibrio e harmonia.




Sim, Satya Yuga, a Era da Verdade, a Era do Ouro, a Era do Sol... Reis, rainhas em lindos palacios, um reinado de paz e todos felizes... Nao isso nao eh um sonho, ha muitos e muitos milenios atras era essa a realidade em que viviamos, bem antes de Adao e Eva...






Uau! Desde o topo, os lotus se abrem em formas piramidais, estrelares e tomam formas humanas, logo voltam a se fechar e abrir em mais e mais lotus. Por vezes parecem casticais, lindos ornamentos que deslizam do teto como a serena agua desce pelas montanhas... ;)






Maravilhas infinitas que consomem minhas palavras ao mesmo tempo que nao consigo parar de tentar descreve-las...






As deusas-rainhas com seus inumeros bracos, brincam com a ilusao do que existe ou nao, a energia feminina co-criadora que ativamente se manifesta. As diversas formas de Maha Maya (a grande ilusao) mostram a vida dancante e bailam aos nossos olhos com simbolos que seguram em suas maos:



  • lotus = representa a essencia, a alma pura que nao se mancha pelo que eh sujo e baixo;


  • armas (espadas, flechas, raios, ...) = para destruir o falso ego, a negatividade, o sofrimento, as imperfeicoes, as fraquezas e os vicios, tais como a gula ou possesividade que induz ao ciume e a inveja, entre outros (esses sao os tais demonios);


  • cobras = representam a transcendencia, aquele que foi alem da morte e dos sentidos, que subjugou os instintos e renasceu para uma vida nova;


  • cantaros = que contem o elixir imortal, o nectar da vida e jorra para dentro de nosso ser sedento;


  • japamala (cordao de repeticao parece um rosario) = a constante repeticao dos nomes sagrados e divinos atraves de mantras nas leituras das escrituras. A sacralidade da palavra, representa a importacia da oracao;


  • vedas = sao as escrituras sagradas e representa o estudo, o conhecimento e a sabedoria;


  • mudras = gestos feitos com as maos que forncem bencaos, ensinamentos e protecao;


  • animais = cada qual com seu simbolismo especifico...

Em seus rostos as vezes uma expressao voraz como Kali que aniquila o mal, devora o tempo, mas outras deusas tem um semblante sereno, um olhar ao longe que emana uma tranquiladade e paz!






Montadas em elefantes, leoes, touros, crocodilos, etc... Representando o dominio sobre as feras, um controle que ensina como podemos transpor todos os obstaculos e nos transportar aos planetas celestiais. Nosso veiculo, nossa montaria, nosso proprio corpo, nosso acento esta alegre e satisfeito. Nao ha esforco! Ha um contentamento por SERVIR!






As maos delicadas que esculpiram com tanta precisao so podem vir de seres de luz, ou melhor, serem a propria luz que brilha por entre esses pilares de forca e suavidade. Cada pilar tem diferentes desenhos, a impressao de ascensao, porque eh largo na base, afina um pouco e depois sustenta as outras colunas superiores com 4 partes saidas de formas circulares. Alguns tem mais infinitos desenhos e as vezes arcos sinuosos e cheios de mais inumeros detalhes que unem um pilar ao outro. Como podem ser tao meticulosos, exatos e perfeitos?






Enquanto Krishna danca com as Gopis, todas as deusas dancam com sua abundante beleza e singeleza. Tambem ha salas com estatuas de elefantes em reverencia e agradecimento a estes que auxiliaram no transporte do material, trazendo no lombo desde longe e assim o elefante sagrado que representa a forca de superar as vicissitudes com plena sabedoria e trazendo boa sorte e prosperidade.



A ala de homenagem aos elefantes eh tambem lindamente ornamentada, belos e majestosos, na forca do elefante, a realeza de seu tamanho que tudo transpoe. Sim, nao ha obstaculos e ele pode derrubar tudo.



Os elefantes e os lotus sustentam a magnitude! Ah, as lindas flores de lotus nao tocam a agua. Nascem no lodo, o caule se desenvolve pela agua, desabrocham maravilhosamente recebendo os raios luminosos do Sol. Luz que revela as cores vistosas e um esplendor de beleza!






Os yogis sentados, assim como as deusas relembrando o acento da meditacao. Por vezes com um pe no perineo e outro voltado para a terra. Pois aqui estamos como elos entre o ceu e a terra, entre os sentidos a serem purificados.






Cavaleiros subjugam os sentidos grosseiros, o sexo e a luxuria, deixam de ser dominados e mostram o verdadeiro poder interior enquanto as feras mostram seus dentes em escancarados sorrisos.






A tez serena das deusas eh o que mais me fascina, me enche de tranquilidade em sua felicidade e realizacao. Ah, essa plenitude encantada...





Em seguida vejo o Narsimha, metade homem e metade leao, representando nossas 2 naturezas. Com suas unhas afiadas essa representcao de Deus, mostra como ir ate o centro do ser, la no umbigo e a partir dai, desde as entranhas mais profundas destruir nossos demonios (leia-se as imperfeicoes, etc.).





Parece aterradora a imagem deste ser, mas na regiao do umbigo onde nosso alimento eh digerido, onde esta situado o manipura chakra, centro da cidade luminosam, o corpo templo da alma. Assim o ensimento eh esse trabalho de purificacao atraves daquilo que a gente come, das emocoes e do que se sente. Isso eh transformacao... Diz-se que suas garras afiadas sao como lotus perfumados e que para cultivar tal estado exige muita vontade, dedicacao e perseverenca!




Enquanto isso, nessa minha viagem pelo atemporal momento, no presente passam os sacerdotes dando novos toques e me abrindo mais ainda a percepcao. As mulheres devotas passam por mim cantando em devocao os passatempos divinos e os ensinamentos intrinsecos a evolucao humana... Aqui estamos ao reencontro do nosso ser real e verdadeiro!







Por entre toda essa infinitude de formas e ensinamentos, os visionarios reis esbanjam sua riqueza na construcao desses templos. Eh como uma prece aos ceus e aos deuses, um agradecimento por tudo que tem e um compartilhar com todos... Tais preces chamam o cuidado, denotam respeitosas reverencias ao poder maior, um reconhecimento do sagrado Principio.





A arte como forma de expressar a gratidao, como prece, como oferenda continua que esta completamente enraigada no povo, nas vestes, nas cores, nos desenhos de graos de areia e arroz, nas pinturas, em tudo isso que revela muita mais do que se possa imaginar.



Tem um ser que nao consegui identificar, meio homem e meio outro ser com 2 patas, tipo aquele ser dos filmes de unicornios, elfos e tal... De seus umbigos saem lindo adornos, outros com longas caudas (rabos) tocam instrumentos como harpas, outros dancam e outros estao abracados como casais.



Num outro templo uma flor do Sol (sunflower) que quando se fica embaixo nao se ve fim e nao se a diferenca do que expande ou que retrai, eh pura vida! Ao lado uma flor de lotus da mesma forma parece infinita e magicamente senti uma gota cair exatamente no meu terceiro olho, parece tao real! E quando extasiada abri minha boca, outra gota me saciou por completo, de um nectar mais saboroso que a geleia real feita do mel .



Senti algo tao sutil e tao real, tao presente e tao delicioso!



Entao se percebe que nao sao as imagens que saltam aos olhos, tambem eh possivel mergulhar dentro delas ;)



Quando se fica no centro das colunas eh uma extrema precisao e perfeicao milimetrica, como pode ter sido feito sem maquinas? Que maos humanas podem ter feito tao magnifica construcao, todas as direcoes tem as divindades ou os tirthankaras, ha uma incrivel simetria e cada numero de pilares tem um porque, uns tem 108, outros 52, outros 24 (representa os 24 principios evolutivos, tattwas).




Me sinto tao pequena e tao bem por aqui! Basta "abrir" os olhos e simplesmente com atencao se deliciar, delirando e se deleitando...

Historias, cidades, castelos, palacios, reis e rainhas, musicos e dancarinas, musicistas e cavaleiros, flores, animais, pilares e detalhes sem fim num sobe-e-desce por degraus divinos. Estrelas, planetas, as 4 direcoes, os pontos cardeais sao os 4 portoes de conexao, onde ao centro do templo esta sentado Adinath, o senhor primeiro... A luz aparece no leste, a luz se esvai no oeste, o acima ao norte, o abaixo ao sul.



Quantos andares temos que subir para ascender? Quantas formas assuminos? Anjos, homens com cabeca de cavalo na entrada... Pequenos templos esculpidos em forma piramidal e conica...


Quantas colunas sustentam o universo material e nossas proprias vidas? Seres que sustentam, com uma so mao, outros templos em suas cabecas ou arvores ou mesmo outras colunas... A outra mao esta no coracao!



Guardando a entrada dos santuarios, leoes com 3 olhos bem arregalados, saindo fogo do nariz ou boca, faces monstruosas afastando o mal, impondo respeito e ate medo. Mas tambem guardando este local tem as apsaras (ninfas que dancam em leveza e beleza) e os gandharvas (seres celestiais que tocam lindas cancoes).



As 3 faces da trimurti, representam as 3 dimensoes e sao as 3 qualidades (triguna) da energia fundamental, novamente da a impressao de ascensao.



No Yajurveda e no Bhagavat Purana se menciona o Tirthankara como fundador do Jainismo. O primeiro tirthankar foi Rishabdeva (vistei seu templo perto de Udaipur, representa avatar de Shiva) e o ultimo Lord Mahavira.



Nos pujas se faz marcas de acafrao nos corpos destes yogis, sao ao todo 14 que representam as nadis (canais de enrgia do corpo). Todos esses yogis tem uma pedra preciosa ou diamante no terceiro olho (ajna chakra), o poder da visao espiritual. E perto do coracao um lotus de 8 petalas, o hrid chakra.



Respiro profundamente e me sento para assumir tudo que vejo, descansando na imensidao do infinito e ilimitado Criador. Aparecem os indianos, multidoes que parecem como o zum-zum-zum das abelhas ou num zigue-zague de formigas. Passam ligeiros, vao e vem, sem parar e dar o tempo para entender a fundo, coisas de Kali Yuga, a era do ferro ou era negra. Essa era de escuridao em que vivemios com tantos vicios e tal...



Enfim, mesmo nesse alvoroco, sao simplesmente tao adoraveis!



NAMASKAR ou NAMASTE, sauda o divino em mim, em ti e em tudo que ha!


beijos fraternos
Katchita, consciente felicidade

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